A Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) avalia fazer em breve uma ampla pesquisa por amostragem para detectar qual é o real nível de transmissão da Covid-19 no Rio Grande do Norte. A testagem em massa tem o objetivo de subsidiar o planejamento de ações para enfrentamento da doença, que é causada pelo novo coronavírus.
A ideia é realizar um estudo semelhante ao que está sendo encampado por pesquisadores da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) em parceria com o Ministério da Saúde. O levantamento nacional, que acontecerá por etapas, vai testar cerca de 33 mil pessoas em 133 municípios, inclusive no RN.
“Temos alguns projetos em curso para a realização de testes por amostragem em municípios que estão com a situação epidemiológica mais alarmante, para a gente conseguir determinar o perfil de transmissão. Isso está em análise e será efetivado, se tudo correr da forma como estamos planejando, em breve”, disse nesta quarta-feira (27) a subcoordenadora de Vigilância Epidemiológica da Sesap, Alessandra Lucchesi.
Se acontecer nos mesmos moldes da pesquisa da UFPel, o estudo no Rio Grande do Norte será com testes enviados pelo Ministério da Saúde ou adquiridos em parceria com empresários. O estoque atual de exames para pacientes não seria incluído no levantamento.
Atualmente, a rede estadual de saúde possui 72 mil testes em estoque para diagnosticar a Covid-19, e outros 44 mil foram distribuídos para os municípios. Os exames são divididos em dois tipos: o RT-PCR, que identifica o novo coronavírus a partir da análise molecular, e o teste rápido, que mede se o paciente desenvolveu anticorpos para a doença.
No caso do RT-PCR, a indicação é para quem está com sintomas há no máximo uma semana e pertence ao grupo de risco para a Covid-19, isto é, idosos e pessoas com doenças pré-existentes, como diabetes, hipertensão e obesidade.
Já o teste rápido, por medir anticorpos, é feito somente em quem teve sintomas por uma semana e está há pelo menos três dias sem sentir nada. Também é preciso ser do grupo de risco para ter acesso ao exame na rede pública.
Nos dois casos, além dos integrantes do grupo de risco, pacientes internados e profissionais da saúde e da segurança pública conseguem fazer o exame.
De acordo com Alessandra Lucchesi, apesar dos 116 mil exames em estoque, a Sesap não cogita neste momento alterar o protocolo para a realização de exames. Segundo ela, como a pandemia ainda está em ascensão no Rio Grande do Norte, a demanda por testes pode crescer nos próximos dias.
“Realizar a testagem indiscriminada se torna complicado porque estamos nos aproximando do pico da pandemia e não temos garantia de disponibilidade de estoque de testes daqui para a frente. O uso está sendo racional porque temos necessidade do controle”, afirmou.
A subcoordenadora de Vigilância Epidemiológica explicou que a testagem em massa da população tem o objetivo de definir melhor o perfil da doença, mas que, no momento, a recomendação sobre o uso dos testes não vai mudar porque a indicação atual visa dar informações para que a Sesap organize melhor a rede de assistência a quem, de fato, está doente e pode ter complicações.
Alessandra Lucchesi não soube determinar até quando o estoque atual de testes será suficiente, mas garantiu que não haverá falta de exames pelos próximos 15 dias. “Hoje temos uma taxa de transmissão que varia de 1,9 a 2,1 (ou seja, cada pessoa contamina até duas pessoas). Se essa taxa aumentar, esse estoque poderá sofrer variações. Então, não há como prever até quando é suficiente”, disse.
RN registra 22 óbitos em 24 horas no pior dia da pandemia
A Sesap informou nesta quarta que o número de mortes provocadas pelo novo coronavírus no Rio Grande do Norte chegou a 242. Foram 22 óbitos confirmados em apenas 24 horas.
Trata-se do maior número de mortes para um dia desde o início da pandemia. O recorde anterior tinha sido registrado no último domingo (24), quando foram confirmadas 16 mortes.
Ainda segundo a Secretaria de Saúde, são 5.630 casos confirmados da infecção, 14.035 suspeitos e 11.207 descartados. Todos os leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) dedicados ao tratamento da Covid-19 estão ocupados.
Por Tiago Rebolo